O professor da escola básica e o estágio supervisionado: sentidos atribuídos e a formação inicial docente
Abstract
Diante da necessidade de reflexão constante sobre os processos de formação docente e do estágio supervisionado como um espaço privilegiado dessa formação, o presente trabalho focaliza sua atenção no professor da escola básica que recebe estagiários em sua sala de aula. Considerando os três atores principais do estágio, o estagiário, o professor universitário das disciplinas responsáveis pelo estágio e o professor da escola que recebe o estagiário, este último tem sido o menos ouvido em termos de trabalhos que discutem o estágio, suas possibilidades e problemas. O professor da escola básica, mesmo não sendo atualmente, na maioria dos casos, um participante envolvido intencionalmente no estágio supervisionado, está envolvido na atividade de formação docente ao receber o estagiário. A questão que nos orientou foi: Que sentidos professores que ministram aulas de Física no ensino Médio e recebem estagiários em suas salas de aula, atribuem ao estágio supervisionado da Licenciatura de Física e que relações podemos estabelecer entre esses sentidos e a formação inicial docente? Trabalhamos com uma metodologia qualitativa e nos aproximamos da abordagem sócio histórica, pela preocupação em compreender os eventos investigados, descrevendo-os e procurando suas possíveis relações, numa busca de integração do individual com o social. Foram nossos sujeitos professores do ensino médio que ministram aulas de Física, que receberam estagiários em suas salas e que foram considerados, por esses estagiários, professores que os receberam bem. Identificamos cinco sentidos para o estágio supervisionado, atribuídos pelos professores parceiros: espaço de trabalho coletivo; espaço de formação; espaço de satisfação de uma necessidade não individual do professor parceiro; espaço de análise do desenvolvimento profissional docente e de aproximação da universidade com a escola. As implicações dos sentidos dos professores parceiros sobre o estágio supervisionado apontam para três aspectos básicos na formação docente. Primeiro, aumentam a compreensão do que acontece no estágio a partir da visão do professor parceiro. Segundo, há implicações relacionadas com a possibilidade de contribuição para a formação do próprio professor parceiro, pelo contato com o estagiário e do professor universitário responsável pelas disciplinas de estágio supervisionado, pela maior compreensão do estágio, da formação e da prática docente. Sendo esse ganho de compreensão revertido tanto no trabalho de formação quanto no de pesquisa sobre a formação ou sobre a prática docente. E, finalmente, em terceiro lugar, apontando possibilidades e empecilhos determinados pelas instituições envolvidas na adequação de condições para que esse estágio aconteça de maneira mais produtiva, possibilidades que podem ser melhor aproveitadas e empecilhos que precisam ser contestados e questionados nos fóruns adequados.A síntese das implicações desses sentidos para a formação aponta para a necessidade de ações intencionais na direção de uma maior aproximação entre a universidade e a escola, visto que há na situação de estágio e, em especial, no contato com o professor parceiro uma série de possibilidades de atendimento de exigências legais atuais e de atuação para a melhoria da formação inicial e continuada através de uma melhor compreensão dos contextos e das práticas docentes. O olhar mais atento das instituições formadoras e o movimento das políticas educacionais e gerais visando a organização de condições mais favoráveis para a articulação do trabalho em parceria das instituições envolvidas pode efetivar a concretização dessas potencialidades.
===ABSTRACT===
Facing the need for constant reflection on the processes of teacher training and supervised apprenticeship as a special area of training, this present paper focuses its attention on basic education teachers receiving trainees in the classrooms. Considering the three main actors of the apprenticeship, the trainee teacher, the university professor of the responsible disciplines for the apprenticeship and the school teacher who receives the trainee teacher, this last has been less heard in terms of papers that discuss the apprenticeship, its possibilities and problems. The basic school teacher even not being currently an intentional participant engaged in supervised apprenticeship is involved in the activity of teacher education when receives the trainee. The question that guided us was: What sense teachers, who teach physics classes in high school and receive trainees in their classrooms, assign to supervised apprenticeship of the Degree in physics and what kind of connections between these senses and initial teacher training can we establish? We work with a qualitative methodology and approach of the socio-historic approach, by the concern to understand the investigated events, describing them and seeking their possible connections in a quest for integration of the individual and the social. Were our subjects, teachers who teach high school physics classes who received trainee teachers in their classrooms and were considered by these trainees as teachers who treated them well. We identified five meanings for the supervised apprenticeship, established by the partner teachers: common work environment, formation environment, satisfaction of a no individual need of the partner teacher environment, environment of analysis of the teaching professional development and approximation from the university with the school. The implications of the partner teacher's meanings about the supervised apprenticeship point to three basic aspects on teaching formation. First, it raises the comprehension of what occurs in the training as from the partner teacher's vision. Second, there are implications with the possibility of contribution for the formation of the partner teacher himself, by the contact with the trainee and the university professor responsible for the subjects of the supervised apprenticeship, for a higher comprehension of the apprenticeship, of formation and teaching practice. Being this gain of comprehension reverted as much on the formation work as on the research about the formation or about the teaching practice. And finally, in third place, pointing possibilities and obstacles determined by institutions involved on the adequacy of conditions for this apprenticeship occurs in more productive manners, possibilities that may be better utilized and obstacles that need to be refuted and questioned on the proper forums. The synthesis of the implications of these meanings for the formation points to the necessity of intentional actions on the direction of a larger approximation between the university and the school, since there is in the apprenticeship's situation and, especially, on the contact with the partner teacher a series of possibilities of attendance of legal demands and of actuation for the improvement of the initial formation and continued through a better comprehension of the contexts and of teaching practices. The more attentive look from the formative institutions and the development of educational and general policies aiming the organization