As linhas e as entrelinhas: um estudo das questões de língua espanhola no ENEM
Abstract
Considerando a valorização da língua espanhola no contexto educacional brasileiro nos últimos anos, seja por meio da publicação da Lei 11.161/2005 e dos documentos oficiais, seja pela inserção de questões desse idioma no Exame Nacional para o Ensino Médio (Enem), a partir de 2010; considerando também a importância desse exame que tem objetivos bastante amplos, como a avaliação do desempenho do aluno concluinte da educação básica, a seleção de candidatos para o ensino superior e, inclusive, a possibilidade de servir de base para a reestruturação dos currículos do ensino médio, conforme parecer de aprovação da matriz do novo Enem, emitido pelo Conselho Nacional de Secretários de Educação, em 2009, julgamos importante e procedente pesquisar o tema avaliação, focalizando os estudos sobre os instrumentos utilizados para medir as habilidades de língua espanhola no referido exame de abrangência nacional. Para levar a cabo tal propósito, inicialmente traçamos um breve panorama a respeito do ensino de espanhol no Brasil, a fim de percorrer a trajetória dessa língua e compreender as possíveis razões que motivaram sua inclusão no novo formato do Enem. Na sequência, apresentamos os pressupostos teóricos, discutindo aspectos relacionados à avaliação, à leitura e aos procedimentos de avaliação da compreensão leitora. Em seguida, comentamos a Matriz de Referência (2009), divulgada pelo Ministério de Educação e pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), e que apresenta as habilidades consideradas em cada área do conhecimento do ensino médio. Também discorremos sobre a Matriz de Questões, elaborada por Nery (2002) em sua tese doutoral e que, levando-se em conta alguns ajustes, permite analisar o nível de complexidade das perguntas propostas em provas de língua estrangeira como o Enem. No capítulo seguinte, fazemos um estudo dos textos, dos enunciados e das alternativas presentes nas versões das provas consideradas, conforme fundamentação teórica e metodologia expostas nos capítulos anteriores. Analisamos as questões de espanhol presentes nas três versões do exame: as provas de 2010 a primeira e a segunda aplicação; e a de 2011. De modo geral, constatamos que os itens solicitaram basicamente: a associação entre tema e título com base na compreensão global da mensagem proposta; a identificação de informações expressas; e o reconhecimento da 22 intenção do texto ou do gênero textual. Ao mesmo tempo em que não identificamos questões que privilegiassem o domínio de regras gramaticais e do léxico de forma descontextualizada, é preciso ressaltar que alguns itens puderam ser respondidos somente fundamentados na compreensão do enunciado redigido em português, ou no conhecimento prévio, isto é, sem que o leitor tivesse que revelar a compreensão do texto em língua estrangeira. Ao final do trabalho, apresentamos as referências bibliográficas e, nos anexos, constam as provas analisadas, além de outros textos aos quais nos referimos nas análises.