dc.description.abstract | Operar na própria escrita um outro modo de pensar e fazer a clínica, liberada de suas utopias humanistas e de suas exigências produtivista, utilitária e socialitarista, é a proposição deste texto. Entrelaçadas em narrativas inventadas, a clínica é aqui fabulada em seus pontos de contágio com alguma arte, aludida em experiências ocorridas junto aos projetos da cia. teatral Ueinzz e do Ateliê Experimental (PACTO USP) - coletivos constituídos por aqueles cujas trajetórias são marcadas pela loucura, pela deficiência e/ou pela vulnerabilidade social. O texto enfrenta a dificuldade de dizer do que não pode ser dito, contar o invivível de uma experiência que, entretanto, não pode deixar de ser testemunhado. Acrescenta-se a esta complicação, a urgência de um cotidiano profissional, cujo ponto de partida é a terapia ocupacional, que ao lidar com situações-limite demanda respostas das quais não se pode omitir, e que por isto exige posições arrojadas para sustentar alguma indeterminação e não decair em saídas voluntariosas, e em seus correlatos exercícios de poder coercitivos. A importância dos processos de dessubjetivação visam favorecer na clínica outras sensibilidades, outra saúde, que não empreite a vida alheia, mas que a convide a outras experiências. Em narrativas, alguns experimentos são expostos e, na tentativa de evitar encadeamentos previsíveis e ilustrativos, adotam-se estratégias de fabulação, manejando elementos da memória de situações coletivas, de modo a fitar numa ficção verossímil suas verdades circunstanciais. A migração de conceitos do campo da filosofia e das artes para o âmbito da clínica e da política ocorrem por agenciamento e justaposição: o dispositivo de Foucault e Deleuze; o qualquer de Agamben; a multiplicidade e o acontecimento de Deleuze e Guattari; o intelecto geral, de Virno; o comum e o desobramento de Bataille, Nancy e Blanchot. O comum apresenta-se em constelações clínicas e políticas alçadas para acionar o vivo dos acontecimentos; e o desobramento é o pressentimento de uma outra ética, que não faz obra e que se entrevê na clínica, em sua atuação profissional e em suas modulações na escritura.
===ABSTRACT====
Operating in the very writing another way of thinking and working the clinic, free from its humanitarian utopias and from its productive, utilitarian and socialistic requirements is the proposition of this text. Interwoven in invented narratives, the clinic comes up here as fables in their points of contagion with some art mentioned in experiences occurred in the projects of the Ueinzz theatre group and of the Experimental Studio (PACTO USP) collectives constituted by those whose trajectories have been marked by madness, by deficiency and/or social vulnerability. The text faces the difficulty of saying what should not be said, telling the unlivable of an experience which, however, cannot help being witnessed. To this complication the urgency of a professional daily life is added, whose starting point is occupational therapy which when dealing with limit situations demands answers which one cannot omit, and which, due to that, require daring stances to support some indetermination and not to go for any easy way-out based on one´s will, and in their correlated exercises of coercive power. The importance of the de-subjectivation processes target on favoring in the clinic other sensibilities, other health, which do not pry into other peoples life, but which invites it to other experiences. In narratives, some experiments are exposed and, in an attempt to avoid predictable and illustrative enchaining, strategies of telling fables are adopted, handling elements of the memory of collective situations in order to see in a verisimilar fiction their circumstantial truths. The migration of concepts of the field of philosophy and of the arts to the ambit of the clinic and politics takes place by assemblage and juxtaposition: Deleuze and Foucault device; Agamben anyone; Deleuze and Guattari multiplicity and occurrence; Virno general intellect; Bataille, Nancy and Blanchot common and desoeuvrement. The common comes up in clinical and political constellations raised to activate the alive in the occurrences; and desoeuvrement is the presentiment of new ethics which does not do any work and from which we can have a glimpse in the clinic, in its professional performance and its modulations in the scripture. | es_ES |