dc.description.abstract | As questões de gênero, raça e classe social compõem a tríade da estruturação social. No currículo atualizam-se as posicionalidades de sujeito através de processos que podem manter, gerar, intensificar e/ou questionar as discriminações e desigualdades de gênero, raça e classe social. Destaca-se a conexão entre as propostas político-partidárias para a educação, as condições humanas e os recursos pedagógicos para sua realização. Analisa-se os avanços, os impasses, as limitações das propostas político-pedagógicas e dos projetos pedagógicos no currículo organizado por seriação e por ciclos de formação. Examina-se as questões de gênero, de raça e de classe social e sua dinâmica no cotidiano da escola e na prática pedagógica. Compreende-se o currículo como a relação dialética entre práticas e discursos cotidianos tanto intencionais (as ações pensadas, discutidas, planejadas e executadas) como não intencionais (os efeitos deletérios ou não do processo de ensino-aprendizagem). Com o objetivo de perscrutar os processos pedagógicos, a perspectiva metodológica baseia-se nos estudos feministas. Os métodos empregados foram o registro etnográfico, a observação participante e a análise de diferentes documentos internos e externos às escolas da pesquisa. A estratégia analítica assentou-se na comparação em triangulação de dados qualitativos e quantitativos de três escolas com diferentes propostas políticopedagógicas e projetos pedagógicos. A escola é um espaço de atualização e aprendizagem das posicionalidades de sujeito que envolvem gênero, raça e classe social. As reformas político-pedagógicas privilegiam a classe social para pensar a democratização da educação. A organização curricular, as relações, a pedagogia, a avaliação e a promoção automática respondem por diferenças de gênero e de raça. A escola por ciclos de formação, privilegiando a pedagogia e avaliação global, favorece as meninas enquanto a escola seriada, privilegiando a pedagogia e avaliação disciplinar, favorece os meninos. As duas organizações curriculares favorecem as(os) estudantes brancos em detrimento dos não brancos. A proposta político-pedagógica da Escola Cidadã pauta-se pela incorporação, busca de qualificação e promoção de estudantes de classes populares. O substrato de orientação teórico-prática assenta-se na teorização de classe social em Paulo Freire e no desenvolvimento intelectual em Jean Piaget, excluindo-se as inter-relações com as questões de gênero e de raça. Com um ângulo da tríade da estruturação social privilegiado, as ações e relações discursivas, práticas e pedagógicas no cotidiano escolar refletem as contradições, as ambivalências e os efeitos das dinâmicas de gênero e de raça no currículo. No cotidiano escolar tem-se os fatos que refletem práticas e discursos racistas e sexistas, o reconhecimento da necessidade de se aprofundar o conhecimento e as abordagens empíricas para as questões de gênero e de raça. A incompreensão dessas questões respondem pela sua presença parcial nas abordagens pedagógicas. | en_US |