Sentidos da função paterna na educação
Abstract
Esta tese investiga os discursos atuais, presentes no campo da educação e da sociedade em geral, que denunciam, ao mesmo tempo que promovem, a “carência do pai” no exercício da autoridade e nos cuidados da prole.Tais discursos emergem impulsionados pelas novas configurações familiares, recebidas como estranhas e ameaçadoras, podendo causar ruptura nos laços sociais. É possível perceber aí o efeito fantasmático que opera no discurso educativo, que acaba denunciando um fracasso antecipado, como efeito da nostalgia da família tradicional, cada vez mais distanciada de nossa realidade. Para investigar o que produz essa posição de reivindicação de um “pai forte”, nossa pesquisa foi buscar na teoria essas respostas. Buscamos recortar interpretantes do laço social e suas expressões sintomáticas. Para tal, expusemos o tema da função paterna, como surge nas obras de Freud e Lacan, buscando acompanhar sua incidência na estruturação do sujeito, desde o desamparo primordial. Trata-se de uma pesquisa teórica, que tem como questão os sentidos que as novas formas de exercício da função paterna têm para a educação, considerada como laço social. Com Freud, acompanhamos os desdobramentos da função paterna no complexo de Édipo e a abordagem da temporalidade do Édipo em Lacan permitiu situar o pai a partir do registro do imaginário, do simbólico e do real, em referência ao conceito de falo, como significante da falta no Outro. Tematizar a função paterna a partir desses registros permitiu diferenciar a função paterna simbólica da fantasmática presente na dimensão imaginária do pai, esse que é significado como “carente”. Usamos como dado empírico, alguns casos, tomados em sua exemplaridade, na perspectiva do tema da função paterna. A tese indica que, o diálogo da psicanálise com a educação, permite desmistificar construções fantasmáticas, indutoras de uma interpretação última dos sintomas sociais, como essa do discurso da carência paterna. Valer-se da pluralidade dos sentidos da função paterna na educação, é uma forma dos educadores responsabilizarem-se pelo ato educativo, numa posição de abertura às contingências históricas que as vicissitudes dos laços sociais produzem.
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This thesis investigates the current discourses present in the education field and in the society in general, that denounce at the same time they promote the “lack of the father” in the authority exercise and the cares of the offspring. Such speeches emerge stimulated for the new familiar configurations, received as strange and threatening, being able to cause break in the social ties. It is possible to note there the fantasized effect that operates in the educative speech denouncing an anticipated failure, as effect of nostalgia of the traditional family, more and more distant from our reality. To investigate what produces this position of claim of a “strong father”, the author searches in the theory these answers. We elect interpreters of the social tie and its symptomatic expressions. For such, we displayed the issue of the paternal function, as it appears in Freud and Lacan works, searching to follow its incidence in the subject structuring, since the primordial abandonment.This work is a theoretical research that focus the senses that the new forms of exercise of the paternal function have for education, considered as social tie. With Freud, we follow the implications of the paternal function in the Oedipus complex and the approach of the temporality of the Oedipus in Lacan allowed to situate the father from the registers of the Imaginary, the Symbolic and the Real , in reference to the concept of phallus, as significant of the lack in the Other. Establishing as a theme the paternal function from these registers allowed to differentiate the symbolic paternal function, of the present fantasized in the imaginary dimension of the father, this that is meant as “lacking”. We use as empirical data, some cases, taken in their exemplarity, in the perspective of the subject of the paternal function. The thesis indicates that, the dialogue of psychoanalysis with education, allows demystifying fantasized inductive constructions of a last interpretation of the social symptoms, as this of the speech of the paternal lack. To use itself the plurality of the directions of the paternal function in education, is a form of the educators to make responsible for the educative act, in a position of opening to the historical contingencies that the vicissitudes of the social ties produce.