dc.description.abstract | Relações entre juventude e escolarização é o tema desta tese de doutorado. Juventude é tratada como um construto cultural, historicamente situado que, justamente por isso, é contingente, provisório e re-construído sempre de forma diferente em cada contexto. O foco da pesquisa volta-se para os múltiplos processos de ex/inclusão que levam um contingente expressivo de jovens a serem excluídos do ensino regular formal e a retornarem ou migrarem para a Educação de Jovens e Adultos (EJA). O referencial teórico-metodológico que orienta as análises ancora-se nos Estudos de Gênero e nos Estudos Culturais, que recorrem a uma aproximação com a perspectiva pós-estruturalista de análise, principalmente da análise de discurso de inspiração foucaultiana. O material empírico da tese é constituído por um tipo particular de textos, através dos quais os/as próprios jovens narram e, com isso, significam os processos de exclusão e re-inclusão escolar vividos por eles/as. São incluídas, ainda, observações do espaço e da vida escolar; entrevistas individuais (com os/as estudantes, a professora da turma e a diretora da escola) e discussões de grupo com os/as jovens. Estes eram estudantes do ensino fundamental noturno de EJA, em uma escola da rede estadual em Porto Alegre, e tinham entre 15 e 27 anos de idade. A tese discute e analisa como os atravessamentos de gênero, classe social e raça/cor estão implicados nos processos de ex/inclusão do ensino. Aponta que há um conjunto de práticas discursivas disseminadas em diferentes espaços culturais que se sentem autorizados a falar sobre (e inventar) a escola e as diferentes juventudes. Fragmentos destes discursos se fizeram visíveis nas narrativas. Discursos que convergem, antagonizam-se e, a um só tempo, articulam-se, colaborando para a produção de identidades juvenis e de tipos específicos de processos de escolarização. Verifiquei, com isso, que a escolarização modela e interfere, de forma decisiva, em muitas das dimensões e relações que os/as jovens estabelecem consigo mesmos, com os outros e com o mundo. As análises apontaram, também, um importante processo de juvenilização da EJA, em função de um intenso movimento de migração dos/as jovens do ensino regular para o ensino noturno e da diminuição da idade legal de acesso de 18 para 15 anos. Esses fatos vêm demandando uma reconfiguração desta modalidade de ensino que atendia, inicialmente, pessoas mais velhas que estavam fora da escola há certo tempo. Tais situações produzem tanto exclusão quanto inclusão do ensino e a elas se agregam, ainda, às dimensões de gênero, classe e raça, uma vez que processos de ex/inclusão ocorrem de modos diferentes para jovens mulheres/homens, brancos/negros, jovens/adultos. A EJA se configura como uma possibilidade de re-inserção ou lugar de migração de jovens pobres com defasagem idade/série ou com histórico de fracasso escolar. No entanto não representa garantia de permanência e, estar inserido na EJA não significa, necessariamente, estar incluído. A mobilidade dos/as jovens dentro da escola visibiliza a flexibilidade e a provisoriedade de tais processos. Todos podem ser incluídos em uma situação, mas excluídos de outra e, nesta dimensão, os pertencimentos de gênero, classe e raça estão intrinsecamente relacionados com as posições de sujeito jovem que se pode ocupar no espaço da escola.
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Relations between youth and schooling are the subject of this doctorate thesis. Youth is treated as a historically situated cultural construct that is contingent, provisory and always reconstructed by different configurations in each context. The research focus is turned to the multiple processes of ex/inclusion that take a expressive number of youngsters to be excluded of formal regular education returning or migrating to the Young and Adults Education (EJA). The theoretician-methodological reference which guides the analysis is anchored in Gender Studies and Cultural Studies that appeal to an approach with the Post-Structuralistic perspective of analysis, mainly of the speech analysis from Foucault’s inspiration. The thesis empirical material is constituted by a particular type of texts, through which young themselves tell and mean the processes of school exclusion and re-inclusion lived by them. There are enclosed, still, comments of school space and life; individual interviews (with the students, the teacher of the class and the school principal) and group quarrels with youngsters. These were students of the nocturnal basic education of EJA, in a state school in Porto Alegre, and had between 15 and 27 years old. The thesis argues and analyzes how gender, class and race/color are implied in the processes of education ex/inclusion. It points that there is a set of discursive practices spread in different cultural spaces that feel authorized to say on (and to invent) the school and different youths. Fragments of these speeches had made visible in the narratives. Speeches that converge, antagonize and at one time are articulated, collaborating for the production of youthful identities and specific types of schooling processes. I verified, with this, that education shapes and intervenes, on a decisive form, in many of the dimensions and relations that young people establish with themselves, with the others and the world. The analysis showed too an important juvenile process of EJA, because of an intense migration movement of young from regular education to nocturnal education and because of the reduction of the legal age of access from 18 to 15 years old. These facts are demanding a reconfiguration of this education modality that took care of, initially, older people that were out of school by a certain time. Such situations produce equally exclusion and inclusion from education and they add themselves, still, to gender, class and race dimensions, as ex/inclusion processes occur in different ways for women/men, black/whites, young/adult. EJA appears as a possibility of re-insertion or migration destiny of poor young persons with differences on age and series, or school description of failure. However it does not represent guaranteed permanence. To be inserted in EJA does not mean, necessarily, to be included. The mobility of youngsters inside the school shows the flexibility and the temporary character of such processes. All can be included in a situation, but excluded of another one. In this dimension, the belongings of gender, class and race are intrinsically related to the positions of young fellow that can be occupied in school space. | en_US |