Sexualidades e educação : uma análise de questões levantadas por professores/as de um curso voltado à educação para a diversidade
Abstract
Nesta tese examino discursos sobre sexualidades e educação proferidos por professores/as de escolas públicas sul-riograndenses. Nela apresento o Programa Brasil sem Homofobia, promovido pelo Governo Federal desde os anos de 2004, o Curso Educando para a Diversidade, promovido e coordenado pela Organização Não Governamental Nuances – Grupo pela Livre Orientação Sexual, e que já compreendeu quatro edições e analiso 12 entrevistas realizadas com professores/as que frequentaram esse Curso. Esta é uma pesquisa qualitativa desenvolvida em uma perspectiva pósestruturalista dos Estudos Culturais e dos Estudos de Gênero. O presente trabalho analisa os discursos sobre sexualidade que preponderaram nas falas de professores/as de diversas disciplinas da educação básica, que realizaram o referido curso, bem como a intenção de colocar em articulação o que foi por eles/as destacado e o que foi postulado tanto no Programa Brasil sem Homofobia, quanto nos documentos que apresentam o Curso. Ao dar-se ênfase, especialmente, a aspectos e questões consideradas complexas ou problemáticas relativamente ao modo de tratar da sexualidade procedeuse a análises discursivas dos materiais indicados. bem como as entrevistas que focalizaram, especialmente, narrativas de professores sobre aspectos relativos à educação e as sexualidades. Destaquei, então, neste estudo, alguns enunciados que compõem os campos discursivos da educação e da sexualidade e que foram colocados em destaque nas situações de entrevista quais sejam: 1) A homossexualidade é um tema marginal na escola; 2) É preciso educar para a diversidade e para a aceitação da diversidade de gênero e sexual; 3) Nem todos os professores/as podem falar de sexualidade na escola. No primeiro eixo apresento e discuto as respostas a uma pergunta específica a respeito de serem as temáticas discutidas no Curso temas marginais na escola, bem como algumas práticas pedagógicas levadas a efeito pelos/as entrevistados/as; no segundo eixo discuto aspectos relativos à educação para a diversidade sexual, buscando compreender suas implicações no que tange a algumas situações em que a homofobia se manifesta na escola; no terceiro eixo discuto algumas situações colocadas pelos/as professores/as, que articulo a minha experiência docente, além de indicar quais quesitos autorizam a alguns professores/as, mais que a outros/as, a discutirem sexualidade na escola.
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This study aims at analyzing discourses upon sexualities and education practiced by public school teachers from Rio Grande do Sul. It focuses on the Brazil without Homophobia Program, organized by the federal government since 2004; on the Educating for Diversity Course, organized and coordinated by the NGO Nuances-Free Sexual Orientation Group, which is in its fourth edition, and on interviews carried out with 12 teachers who attended this course. One of the objectives of this thesis is to outline the discourses on sexuality which prevail in the teachers’ speeches, who taught in several basic education disciplines and attended the course, as well as the intention of putting into practice what they have emphasized and what was claimed not only in the Brazil without Homophobia Program but also in documents which introduced the course. Special emphasis was given on the aspects and issues considered complex or problematic with regard to the way sexuality is approached. Besides, the study aims at underlining the governmental initiatives, including the discussion on sexualities in Education. Discursive analyses on suggested materials were carried out as well as interviews with special focus on the teacher’s narratives involving education and sexuality. Thus, some statements which comprise the education and sexuality discursive fields were emphasized and pointed out in the following interview situations: 1) Homosexuality is considered a marginal issue in school; 2) It is necessary to educate for diversity and acceptance of gender and sexual diversity; 3) Only a few teachers are allowed to talk about sexuality in school.