dc.description.abstract | Esta tese problematiza as representações de docência na Educação Infantil na cidade de Pelotas/RS, entre as décadas de 40 e 60 do século XX, expressas nos documentos das primeiras instituições privadas ou públicas que abriram espaço para o atendimento de crianças de zero a seis anos de idade e que não tinham o caráter asilar. Considerando a escassez de documentos nessas instituições, procurei também nos dois principais jornais dessa cidade — Diário Popular e A Opinião Pública — alguns subsídios que pudessem complementar esse estudo. Esta pesquisa, de abordagem qualitativa, busca nos Estudos de Gênero e em algumas contribuições dos Estudos Culturais o aporte teórico necessário, considerando, ainda, algumas das contribuições de autores e autoras que se aproximam da perspectiva pós-estruturalista de análise. A escolha do citado período histórico se deve ao progressivo investimento na área da Educação Infantil ocorrido na referida cidade. Nas fontes documentais pesquisadas, as representações de professora estão atreladas ao discurso religioso, especialmente o católico, ao serem ressaltadas a vocação e a missão dessa profissional, na condução das almas e no engrandecimento da pátria. Dentre as representações, presentes nos documentos analisados, destaco os diferentes modos de ser professora, a saber: como alguém que deve corrigir os “defeitos” da criança e de sua família, como educadora sanitária e como fada bondosa, que deve educar com firmeza, mas simultaneamente com brandura. Ao mesmo tempo em que se pensa na educadora infantil como algo inerente ao feminino, exige-se dela uma profissionalização crescente, embora pautada em visões essencialistas sobre as mulheres. Tais representações se entrecruzam e se misturam umas às outras, exercendo, assim, um importante papel para o governo das professoras, das crianças e de suas famílias, estabelecendo, de algum modo, a indissociabilidade entre magistério e maternidade.
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This thesis problematizes the representations of teaching in Childhood Education in the city of Pelotas/RS, between the 1940s and 1960s, expressed in the documents of the first private or public institutions which had vacancies for children aged between zero and six and which did not aim at hosting these children as if in an asylum. Considering the scarcity of documents at these institutions, I have also researched the two main newspapers in the city — Diário Popular and A Opinião Pública — some subsidies which could complement this study. This research, of a qualitative approach, pursues in Gender Studies and in some Cultural Studies’ contribution the necessary theoretical support, considering, as well, some contributions of authors who closely write about the analysis post-structuralist perspective. The choice of the previously mentioned period is due to the progressive investment made in the field of Childhood Education in the city. In the researched document sources, the representations of the teacher are coupled up with the religious discourse, specially the Catholic one, when the vocation and the mission of such professional are highlighted, in order to conduct the souls and enhance the homeland. Among the representations, found in the analyzed documents, I would like to mention the different ways of being a teacher, as it follows: the teacher is someone to correct a child’s “defect” as well as his / her family, the teacher as a health educator and good fairy, who should firmly teach, but not without some tenderness. At the same time in which the childhood educator is thought to be something inherent from the female gender, a continuous professionalization is demanded, though outlined by existentialist views concerning the women. Such representations intertwine and are mixed to each other, playing, then, an important role to guide the teachers, the children and the families, establishing, somehow, the inseparability between teaching and motherhood. | en_US |