Mobilidade ocupacional e qualificação : um estudo com trabalhadores da região metropolitana de porto alegre
Abstract
Este estudo tem como objetivo geral analisar a relação entre mobilidade ocupacional e qualificação dos trabalhadores, atentando para a implicação da mobilidade para a valorização ou para a desvalorização da qualificação. A mobilidade foi tratada como exercício de diferentes ocupações. A qualificação foi definida como articulação entre os saberes e a classificação social atribuída às ocupações, aos saberes e aos trabalhadores. Compreende-se que a mobilidade, ao traduzir alterações nos saberes e na classificação social conferidos às ocupações desempenhadas, elementos que também compõem a qualificação do trabalhador, pode representar valorização ou desvalorização da sua qualificação. O estudo contou com informações de 28.033 trabalhadores cadastrados, em 2009, no Sistema de Gestão das Ações de Emprego. Trata-se de trabalhadores com 30 ou mais anos de idade, residentes na Região Metropolitana de Porto Alegre e com registro de experiência de trabalho. Além disso, entrevistou-se 14 destes trabalhadores, aprofundando as informações sobre mobilidade e qualificação. Articulando a abordagem da qualificação como construção social àquela da análise ocupacional, a mobilidade e a qualificação dos trabalhadores foram identificadas e analisadas. Evidenciamos o predomínio da baixa mobilidade ocupacional entre os trabalhadores considerados neste estudo. A mobilidade ocupacional, para esses trabalhadores, concentrou-se principalmente em ocupações com menores exigências de escolaridade, de formação técnica e de experiência na atividade laboral e com baixas remunerações. Nesse sentido, ela não implicou ganhos em termos de valorização da qualificação dos trabalhadores. Além disso, a maior parte dos trabalhadores exerceu ocupações próximas. Entre os entrevistados verificamos que a proximidade das ocupações permitiu o aproveitamento dos saberes e a permanência no mercado de trabalho, porém, não implicou uma maior valorização da sua qualificação. A distância das ocupações foi associada por eles à hierarquização e à desvalorização de algumas ocupações frente a outras. Para os entrevistados com exercício de ocupações que se distanciam, verificamos o exercício de ocupações de maior valorização, entretanto, foi uma valorização momentânea. A mobilidade foi associada pelos entrevistados à aprendizagem e à não-especialização e apontou a busca por posições superiores nos processos e no mercado de trabalho e na sociedade.
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This study has as overall objective to analyse the relation between occupational mobility and skills of workers, giving special attention to mobility implication to valorisation or devalorisation of the skills. The mobility was treated as the exercise of different occupations. Qualification was defined as articulation between knowledgment and the social classification given to ocuppation, knowledgments and workers. It is understood that mobility, when it means the changes in knowledgments and in the social classification to the work done, elements which also are part the workers, can represent the valorisation or devalorisation of his/her skills. The study used information from 28.033 filed workers in 2009 in the System Management Actions Employment. It was workers from 30 years old, who were living in Porto Alegre Metropolitan Area and had a registered work experience. In addition, 14 from that total amount of workers were respondents, making the information on mobility and skills even further. By articulating the approach of skills as a social construction to that occupational analyses, workers’ both mobility and skills were identified and analysed. Evidenced the predominance of a low occupational mobility among the workers considered in this study. The occupational mobility to those workers were concrentated mainly in the occupations with lower educational requirements, with technical training, and with labor activity experience and low remuneration. In this sense, it did not imply in gains when comes to valorisation of workers’ skills. Besides, most workers exerted near occupations. Among the respondents, it was verified that the proximity of the occupations permitted the use of knowledge and stay on the labor market, however, did not imply in a greater valorisation of their skills. The distancies of the occupations was associated by them to hierarchy and the devaluation of some occupations compared to other. To the respondents whose occupations were drifted apart, it was verified the exert of higher valorisation occupation, nevertheless, it was a momentaneous valorisation. The mobility was associated by the respondents to learning and non-specialized, and pointed to the search for top positions in the processes, in labor Market and in the society.